Sexta-feira, 30 de Julho de 2010

O PROBLEMA DO ESTADO SOCIAL

 

ARTIGO PUBLICADO PELO DIÁRIO DE NOTÍCIAS DE HOJE:

 

O presidente do PSD mostra-se empenhado em fazer a revisão da Constituição. A jóia da coroa e um das bandeiras do PS mais emblemáticas – o Serviço Nacional de Saúde (S.N.S.) tremeu, só de ouvir falar na palavra Revisão. E eles sabem bem em que pensam quando se toca nesta matéria. Passos Coelho foi logo acusado, pelas virgens ofendidas, de querer acabar com o S.N.S. Uma matéria que pede meças ao que de melhor há por essa Europa fora.

No entanto, quando houver razões para criticar o S.N.S. porque teve que ser reformulado para poder continuar a exercer o seu papel, mas com cortes na despesa, podem ter a certeza que, se o PS vencer novas eleições, há-de ser um governo gerado nas suas entranhas que há-se ser acusado de querer acabar com o S.N.S. Poderemos, então, dizer que apanham com o argumento contra Passos por ricochete. Sem apelo, nem agravo. Porque o S.N.S, tal como está, gratuito tanto para ricos, como para pobres, terá que ser reformulado e deixar de ser nos moldes em que se encontra.

E quem vai ser acusado pelos portugueses vai ser o PS, mesmo que, na altura, já não seja governo, porque, quando teve Sócrates como primeiro-ministro, foi ele que levou o país à crise grave em que se encontra e que estará na origem da diminuição de regalias dos que precisam do atendimento do S.N.S. Por outras palavras: há-de ser sempre o PS o responsável, enquanto foi governo, pelas ‘destruição’ (chamam-lhe o que quiserem) do S.N,S.

Artur Gonçalves

 

publicado por argon às 10:06
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Segunda-feira, 26 de Julho de 2010

ANIMAIS NOSSOS AMIGOS - 2 - O GATO

 

Vamos falar de felinos. O gato doméstico que tanto abunda nas nossas casas, é um felino que, como todos os outros, tem unhas que arranham e pêlo que cai e feitio que «desafia». Comecemos por dizer que ele é uma contradição. Nenhum outro animal tem uma relação tão estreita com os humanos, tem uma incalculável capacidade de dar carinho, companhia e sossego – são especialmente afectuosos, leais e brincalhões mas, em contrapartida, exigem e obtêm inteira independência de movimentos. O cão é levado a passear, o gato passeia sozinho e nunca caça em grupo. O gato leva uma vida dupla: no lar é muito amoroso, é uma companhia íntima e muito dedicada; no exterior é dono de si próprio, uma espécie de animal selvagem, auto-suficiente, em constante alerta. Resumindo: tem hábitos de animal doméstico e comportamentos de animal selvagem. É que os gatos domésticos primeiro são caçadores de ratos e só depois são animais domésticos.

Só no século XIX se lhe deu importância, começou a sua promoção com competitivas exposições de gatos e com a criação de raças pedigree e começou a moda de se ter um gato em casa.

Há hoje umas quarenta espécies domésticas, cada uma com o seu carácter e características particulares.

Eles são menos exigentes que os outros animais, como, por exemplo, os cães: os gatos lavam-se, enterram as fezes, dormem a maior parte do tempo, não têm que ir à rua, comem pouco e não ladram.

Sendo predador por natureza, o gato está equipado fisicamente para capturar presas: o seu corpo é ágil, flexível e bem poderoso – corre rápido, principalmente em distância curta. Tem possibilidade de escalar e pular com facilidade. Mesmo que perca o equilíbrio, cai sempre de pé e pode sair ileso depois de uma queda de seis metros.

As pupilas são muito sensíveis à intensidade da luz, permitindo-lhe adaptá-las à sua maior ou menos intensidade. Sendo caçadores, os gatos estão bem adaptados à existência nocturna porque, através da retina, possuem o chamado tapete lúcido que é um instrumento intensificador da imagem que, com seus raios de luz, lhes permite reforçá-la, actuando como um espelho e reflectindo a luz para as células do cérebro. Daí o aspecto esverdeado e brilhante dos olhos quando são iluminados pelos faróis dos carros. Graças a isto, o gato é capaz de aperceber-se de movimentos e objectos em quase obscuridade total. E para escuridão total, o gato orienta-se pelo som, pelo cheiro e pela sensibilidade dos seus espantosos bigodes.

O sentido do olfacto é outro sentido que está nele muito desenvolvido: ajuda-o a localizar outros gatos, e as presas. As moléculas odoríficas que flutuam no ar são capturadas pela língua, entrando em contacto com o órgão vomeronasal, localizado no céu da boca, ficando em comunicação com a cérebro que traduz a informação e orienta o comportamento.

Os pêlos dos bigodes, cruciais para a sua sobrevivência, dão-lhe informações adicionais proporcionadas pelas vibrissas (pêlos dos bigodes) que, além de detectarem obstáculos, captam a direcção do vento, o que pode ser de grande valor para fins de caça. Além de serem umas verdadeiras antenas, sensíveis ao contacto, funcionam, como detectores de movimentos no ar e são vitais para as caçadas nocturnas. São as pontas dos bigodes que lêem os pormenores da silhueta da presa e dos seus mais pequenos movimentos e informam o gato sobre como deve reagir à presença de obstáculos, evitando-os. Os bigodes possuem um conjunto de terminais nervosos que transmitem informações sobre quaisquer contactos ou alterações de pressão do ar. Em regra, um gato possui vinte e quatro bigodes, doze de cada lado, implantados em quatro filas horizontais. Além das vibrissas, o gato possui outros pêlos reforçados noutras zonas do corpo: por cima dos olhos, no queixo, e, surpreendentemente, na parte de trás das patas dianteiras.

A respeito deste felino doméstico, há uma série de características e comportamentos que são comuns a todos eles e que se manifestam no seu dia-a-dia: eles ronronam para exprimir prazer e afecto para com o dono e para deixarem a mensagem de que está tudo bem; gostam de ser acariciados; raspam o tecido da cadeira favorita dos donos; voltam-se de costas quando vêem o dono; roçam as suas pernas quando o cumprimentam; outras vezes, saltam nas patas traseiras em sinal de cumprimento; tacteiam o colo do dono com as patas da frente; passam grande parte do dia a tratar do pêlo – uma forma patusca de fazerem a toilete, e a lamberem o focinho, - mesmo quando este não está sujo porque, não possuindo glândulas sudoríficas como nós, de modo que não podem usar a transpiração como método de arrefecimento, ao lamberem o pêlo repetidamente, nele depositam a maior quantidade possível de saliva cuja evaporação actua da mesma forma  que a evaporação do suor na nossa pele; têm o hábito de abanarem a cauda; urinam nos muros do jardim; choram quando os deixam sair e voltam logo a chorar para os deixarem entrar; arqueiam o dorso em sinal de medo, alarme e defesa quando vêem um cão desconhecido, mas acamaradam com cão conhecido, chegando a tornar-se companheiros inseparáveis deste, principalmente quando criados em conjunto, desde tenra idade; abanam a cauda quando estão na fase da caça a um pássaro; sopram diante de um cão ou de outro predador; movem a cabeça de um lugar para outro quando vêem a presa; normalmente, brincam com a presa antes de matarem.

A gata muda os gatinhos para um novo ninho pegando-os pelo pescoço, sem os aleijar; os gatos fazem um grande alarido aquando dos galanteios, diferente do alarido durante o acasalamento; lambem o focinho, mesmo quando este não está sujo.

Quando acordam, entretêm-se a cumprir uma espécie e ritual ocioso: espreguiçam-se, movendo todos os músculos e articulações e, assim, fazerem circular o sangue; primeiro, bocejam de modo exuberante, depois, esticam as patas dianteiras e traseiras e arqueiam o corpo.

Eles têm hábitos brincalhões, reflexo dos seus instintos básicos de caça. Brincam atirando com os brinquedos ao ar para lhes darem vida, transformando-os num pássaro vivo, espécie de pseudo-presa. Normalmente, brincam com a presa, antes de a matarem, passando por várias fases: 1. aproximam-se furtivamente da presa; 2. saltam fulminantemente sobre ela; 3. apanham-na, mas não a matam; 4. brincam com ela viva; 5. finalmente, dão uma mordidela fatal no pescoço da presa. E, por vezes, chegam a entregar ao dono as presas acabadas de apanhar.

Há no nosso linguajar comum certas expressões e ditados populares com base no comportamento do gato: gato escaldado de água fria tem medo; passar como gato por brasas e cão por vinha vindimada; quem não te cão, caça com um gato; um saco de gatos; fazer gato-sapato; aqui há gato! Ter olhos de  gato. impingir gato por lebre; de noite, todos os gatos são partidos; Fulano e Cicrano dão-se como o cão e o gato. Há também o verbo gatinhar que se aplica às crianças para indicar uma das fases dos primeiros passos.

Com este texto, cujo retrato gatístico deve deixar todos os gatos babosos pelos elogios que lhe teço, espero que os gatos da minha terra, muitos tão desprezados e tão maltratados, passem a ter melhor sorte da parte dos humanos a quem eles só sabem distribuir companhia, carinho e  afeição.

O fabulista francês La Fontaine dedicou nada menos que sete fábulas a este animal o qual, na disputa com outros animais, sai sempre por cima.

A investigação científica mostrou que o facto de se possuir um gato ou outro animal de estimação reduz os níveis de stresse e o risco de ataque cardíaco nas pessoas. O que me leva a soltar o grito:

Toda a gente a ser dona de um gato! Já!

- Miau!

- Renhaunhau!

 

publicado por argon às 13:51
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Domingo, 25 de Julho de 2010

ANIMAIS NOSSOS AMIGOS - 1 - O BURRO

 

De entre todos os animais domésticos que acompanham o homem nas suas andanças e labutas, o burro é um dos que mais se destacam. Só quem nunca precisou de se aproveitar dos seus prestimosos serviços é que não sabe dar valor a este animal que, embora de aspecto possa parecer feio ou menos benquisto e simpático, ele tem uma ‘alma’ cheia de qualidades ‘humanas’. Ele é muito serviçal, ele é muito humilde e muito manso, mas muito trabalhador e nunca se aborrece nem protesta contra os possíveis maus tratos que o dono, em momentos de fúria enraivecida, descarrega sobre ele.

É um óptimo companheiro de viagem, de trabalho, de transporte e o homem do campo serve-se dele para alombar com cargas, às vezes, desproporcionadas à sua medida e às suas forças. É bem verdadeira a expressão «burro de carga», para significar, simbolicamente, um homem que se presta a todos os serviços e trabalhos, sem protestos, nem queixumes.

Na minha terra, a maior parte dos casais , tantos os de muitas terras, como os de poucas ou nenhumas ou de poucos haveres, tinham ao seu serviço um asno que os acompanhava para todo o lado, tanto para serviço de carga, como de transporte. Nalguns casos, era quase um luxo e, às vezes, um sinal de orgulho, ser-se dono de um animal destes.

Ao longo dos tempos, o burro foi objecto de referência, ora jocosa, ora séria. No primeiro caso, conta-se que de todos os animais, quando receberam nome da parte de Noé na sua barca, houve apenas um que teve que voltar atrás, porque tinha esquecido o nome. Voltou a Noé a pedir a repetição do nome e este respondeu-lhe: «Já te disse: és burro!» Talvez, por isso, alguns vêm nele o símbolo  da ignorância e do esquecimento.

Por outro lado, a palavra ‘burro’, passou a ser sinónimo, na linguagem comum familiar, de ‘pouco inteligente’ ou ‘estúpido’. Assim, nas expressões correntes: ‘és burro!, ‘és burro como uma porta’, ‘és mesmo burrinho!’

 A expressão «orelhas de burro» que alguns professores do antigamente colocavam na cabeça dos alunos «burros», provém da lenda segundo a qual Apolo mudou as orelhas do rei Midas em «orelhas de burro», porque tinha preferido à música do templo de Delfos os sons da flauta de Pan. Esta preferência indica, em linguagem simbólica (as ‘orelhas e burro’), a busca das seduções sensíveis em vez da harmonia do espírito e a predominância da alma.

Para edificação e prazer, leia-se, com muito proveito o livro de José Régio «O Príncipe com Orelhas de burro».

Também se conta o caso da burra de Balaão que tinha o condão de emitir sons da fala. Um protestante pergunta a um católico, em ar me troça: «senhor católico, é verdade que a burra de Balaão falou?» O católico não perdeu tempo a responder-lhe: «eu não sei, senhor protestante; o que sei é que, enquanto a burra falou, Balaão esteve calado.» Aqui, a burra será o símbolo do conhecimento e da ciência tradicional, o que marca um progresso na concepção original negativa dos povos da Índia e do Egipto.

Jesus Cristo, na sua fuga apressada para o Egipto, para fugir à fúria mortífera de Herodes que, para apanhar o menino Jesus, decretou a morte de todas as crianças de dois anos para baixo, serviu-se de um burrico para acompanhar os pais José e Maria. Se Cristo quis sentar-se sobre uma jumenta, diz Richar de Saint-Victor, é para mostrar a necessidade da humildade.

A Biblia apresenta este animal como o símbolo da paz, da pobreza, da humildade, da paciência e da coragem – virtudes que tantas vezes faltam aos seus donos... Talvez, por isso, foi o animal preferido por Cristo para fazer a sua entrada triunfal em Jerusalém, antes da sua Paixão. E é um humilde animal que se honra de figurar no presépio ao lado de S. José e de sua mãe Maria, na companhia de uma vaquinha.

Sansão contribuiu para engrandecer uma qualidade física - a extrema dureza óssica do burro, que nunca ninguém antes, nem depois dele, testara. Com uma só queixada de burro, Sansão pôde matar mil inimigos, como se pode ler no Antigo Testamento.

A natureza foi de tal modo pródiga para com este humilde animal que, como se lhe não bastassem as qualidades que referimos, dos animais domésticos é o único cujo leite é doce, isto é, vem já açucarado de ‘fábrica’.

Aqui chegado, conto um caso que presenciei e que mostra não só todas as qualidades acima descritas, como a inteligência e sentido de orientação do burro: Tinha acabado de fazer a minha 4ª classe. E fui com o meu pai tomar o comboio à Cerdeira que dista da minha terra 30 quilómetros, que passava ali às 9 horas, com destino à Guarda. Saímos pelas quatro horas da manhã. Tínhamos uma burra de estimação de tantos anos que quase era uma instituição e quase fazia parte da família. Era a eterna companheira de meu pai que foi um grande andarilho viajando por terras, por feiras e mercados sem conta, tanto de noite, como de dia. No regresso, pelo negrume da noite, o meu pai, que conhecia aqueles caminhos todos de cor e salteados, quando chegámos a um cruzamento, teve dúvidas no caminho certo para chegarmos a casa. Então, ele disse: «já não estou certo no caminho, mas deixemos passar a burra à frente. Ela é que vai indicar-nos o caminho». E assim foi. A burra não teve a mínima dúvida sobre qual devia ser o nosso trajecto de regresso a casa. Avançou sem hesitação e nós seguimos atrás dela.

Lembro-me de muitos burros que havia na minha terra, mais nos tempos da minha infância e juventude. A partir da emigração, eles começaram a rarear. E hoje já são muito poucos e dá a impressão que é espécie em vias de extinção. Havia muitos donos que tratavam bem os seus animais: comida com fartura e bom trato familiar. Mas havia gente que os maltratava e, não raro, faziam recair sobre este humilde, prestimoso, serviçal e indispensável animal os traumas de que sofriam, atribuindo-lhe o papel de «passa-culpas» - talvez julgando-se, assim, mais aliviados. Se alguns animais domésticos podem ser acusados de «pecado», não é o burro, com toda a certeza.

Do cruzamento da burra com o cavalo, nasce a mula que não é uma coisa, nem outra.

Existem modismos ou rifões na língua portuguesa que têm o burro como animal de referência, tais como: ‘burro velho não aprende linguagem’; ‘vozes de burro não chegam ao céu’; ‘mais vale alimentar um burro a pão de ló’; ‘mais quero asno que me leve do que cavalo que me derrube’; ‘a albarda é que enfeita o burro’; ‘a albarda não pesa ao burro’; ‘depois de morto, cevada ao rabo’; ‘a pensar morreu um burro’.

Costuma, até, dar-se um ar de brejeirice à expressão ‘cor de burro quando foge’, preferindo outros levar a conversa para o trocadilho dizendo ‘cor de foge quando burro’. 

Há várias palavras sinónimas de burro, como por exemplo: asno, jumento – e sob a forma de diminutivo: burrinho, burrico, burrito, burreco, jumentinho; ou de aumentativo: burranca – burra grande e bem feita.

É curioso que o excremento do burro não é antipático nem mal-cheiroso, não é desagradável à vista nem asqueroso, ao contrário do dos restantes animais. O animal só tem, talvez, um contra: depois de morto, nada dele se aproveita – nem a ‘queixada’ como arma de ataque ou de defesa contra assaltantes ou inimigos.

Zurrar é lá com ele. Só que, desafina muito com uma voz de susto, aos solavancos, em compasso binário ficando, ao mesmo tempo, muito descomposto. Se tivesse que ir a concurso, não tenho dúvida que ficaria em último lugar. O que vale é que zurrar é lá com ele e é coisa que faz muito raramente. Por outro lado, o burro é, por natureza, um animal vagaroso, sem pressas. No entanto, nesta matéria, há duas espécies: os que são muito vagarosos, às vezes irritantes e os que são mais apressados e caminham mexendo as patas com um ritmo mais acelerado. 

O grande fabulista francês La Fontaine dedicou ao burro sete fábulas. O que mostra a grande importância que lhe merece este simpático animal.

Há uma raça de burros muito famosa – é o chamado ‘burro mirandês’ do Nordeste Transmontano que o fotógrafo Oliviero Toscani promoveu no Castelo de S. Jorge com uma exposição constituída por 50 painéis de grande formato (3x2 metros), patente durante vários meses,até 31 de Janeiro de 2006 com o objectivo de «dar a conhecer o burro das terras de Miranda, actualmente em vias de extinção». A coisa não se ficou só pela exposição fotográfica, mas o italiano colocou no terreno dez burros em carne e osso para que jovens e adultos pudessem vê-los, admirá-los e passear-se neles.

Hoje já há muito poucos animais destes. Mas, nem por isso, devemos deixar de enaltecer as suas qualidades. Cantemos, pois, um hino de louvor a estas humildes alimárias que andaram – algumas ainda andam, ao serviço dos homens da minha terra.

 

                                                                                                               

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                             

 

 

 

 

publicado por argon às 12:41
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Sexta-feira, 16 de Julho de 2010

CRISTIANO RONALDO E JOSÉ MOURINHO

 

Ronaldo continua na berra, mesmo depois do desaire da África do Sul. Tudo continua a correr-lhe de feição, dentro do melhor dos mundos, onde tudo tem sido êxitos, facilidades e dinheiro a rodos.

No entanto, ele que se vá preparando porque tem dois motivos para que a sua vida de romântico andarilho sofra algumas modificações: um pai responsável obriga a mudar de vida. E Mourinho, o seu novo treinador, espera-o.

É bom lembrar que a fama de Mourinho tem sido feita à base de muito trabalho, persistência, criatividade e muita disciplina. Logo que chegou a Madrid, pôs as cartas na mesa: todos lhe devem obediência e nada de invadir o seu campo de competências: nem o director do clube, nem os jogadores. Quem manda é ele e todos têm que se sujeitar à sua disciplina rígida e à sua voz de comando, porque ele não brinca em serviço. Então, como é que se conseguem averbar os triunfos que ele tem no seu curriculum?

Mourinho, treinador do Real Madrid, já disse o que tinha a dizer: os jogadores, todos os jogadores, têm de passar os dias no campo de treinos. Almoçam lá e, se quiserem, podem dormir a sesta – uma quase instituição, para os espanhóis.

O Ronaldo que se cuide! Ele, apesar da fama e do proveito, vai ter que se comportar como os restantes jogadores e, por isso, vai ter menos tempo para os ferraris e para a vida romântica a que estava habituado. Porque Mourinho quer que o Real Madrid seja não só o clube mais prestigiado e mais rico, mas o campeão de todas as modalidade futebolísticas de nível nacional e internacional. E vai conseguir!

publicado por argon às 12:02
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Quinta-feira, 15 de Julho de 2010

DEFENDER OS INTERESSES DO PAÍS

 

 

Texto publicado hoje pelo Diário de Notícias em lugar de destaque, com foto:

 

A SGTP anuncia que marcou para o dia 29 do corrente uma jornada de luta que inclui greves e concentrações em defesa do emprego, salários e serviços públicos.

Os sindicatos podem dar-lhe as voltas que quiserem que não é com greves e quejandos que o país sairá da crise em que se encontra. Antes, a agravam.

Enquanto se não convencerem todas as forças políticas e sociais que só unindo esforços numa mesma direcção Portugal poderá sair do beco em que se encontra; enquanto teimarem em defender as suas divergências; enquanto não juntarem esforços; enquanto não reunirem e chegarem a um consenso, todos cedendo no possível, com os olhos mais postos na defesa dos interesses do país, do que em defenderem privilégios e a quererem manter a defesa da sua matriz ideológica, nunca sairemos da crise em que estamos metidos.

Mas, à cabeça, este esquema de salvação pública deve partir do governo minoritário o qual tem que, antes de mais nada, deixar a sua arrogância e a sua teimosia em querer resolver a crise sozinho. É ao próprio governo que compete dar os passos para esta iniciativa de salvação nacional.

Isto não significa traição à defesa dos seus princípios, nem vergonha por ter que seguir um rumo que vai ao arrepio do seu programa eleitoral. Os interesses do país estão acima de qualquer raciocínio desse jeito.

Se não erro, foi o que fez a Irlanda, numa atitude exemplar que devia servir de exemplo para o nosso país. Por isso, é preciso que todas as forças políticas, sindicais, sociais, com o patronato e as instituições de solidariedade nacional, se sentem á mesa, discutam, ponham de parte as suas divergência e cheguem ao melhor consenso, validado pelos melhores pensadores e especialistas., todos os que se orgulham de pertencerem a um país que continuará a correr para o abismo, se não houver vontade da parte de todos para o salvar. Todos sintonizados por uma luz cintilante de esperaça.

 

publicado por argon às 22:08
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Terça-feira, 13 de Julho de 2010

RONALDOMANIA

O DIÁRIO DE NOTÍCIAS PUBLICOU HOJE:

 

Até há pouco tempo, sabia-se, sempre, quem era a mãe da criança, ainda que ela pudesse ser filha de pai incógnito. Agora, pode dar-se o contrário, a ponto de a criança pode ser filha de mãe incógnita. Pelo menos, é o que está a acontecer, segundo consta, com o bebé de Ronaldo. Que, ao que parece, não tendo tempo, nem disposição para fazer um filho pelo método artesanal, normal, tradicional, digamos, caseiro, parece que teria optado por mandar produzir o produto por um processo industrial. Numa espécie de aparente ‘contra natura’.

Até aqui, parecia que ainda havia casos que o dinheiro não conseguia comprar. Agora, parece que já se podem comprar crianças, abdicando a mãe de o ser, a troco de uma fortuna que se traduz em uma dúzia de milhões. Pobre criança que não desfrutará do leite, dos cuidados, da atenção desvelada, dos mimos e da educação da mãe! E parece que, também, terá um pai pouco atencioso, que prefere gozar a vida fora e longe da criança, mandando-a guardar aos cuidados da mãe dele e da irmã, como se de um pequeno tesouro se tratasse.

E tudo isto, no meio do maior secretismo, dando largas a um sensacionalismo bacoco para gáudio dos media e dos ronaldomaníacos.

Quando se julgava que Ronaldo, após uma prestação desportiva muito apagada no Mundial da África do Sul, estaria sob o escrutínio de uma comunicação social justamente crítica, eis que surge, depois de uma antecipação cuidadosamente medida até ao milímetro, esta notícia bombástica cujos contornos estão cheios de nebulosidades, como convém para continuar a garantir a celebridade de uma estrela que não quer deixar de o ser. Por outras palavras: tendo atingido a fase descendente da sua carreira pelo fraco rendimento desportivo no Mundial da África do Sul, eis o momento e a notícia exacta para catapultar  o jogador e envolvê-lo numa aura de ineditismo mediático, cheio de suspense e de mistério, para gáudio dos seus muitos fãs e dos seus chorudos patrocínios.

E, como se tal não bastasse, eis que os media se apressam a mostrar a foto do bebé que ainda ninguém viu, nem eles, mas que é necessário fabricar para entretenimento e alimentação da fantasia dos ronaldoidrólatas, através de um jogo malabarista de hipervirtualismo insensato, numa bela e apaixonante jogada de diversão.

 

publicado por argon às 15:51
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Sábado, 10 de Julho de 2010

O MUNDIAL DA ÁFRICA DO SUL - O REVERSO DA MEDALHA

A história é sempre escrita pelos vencedores. A coisa aplicada ao Mundial de 2010, rege-se pelas mesmas regras. Na verdade, só se louvam os vencedores, deixando no ocaso os vencidos que são todos menos um. É caso para dizer que vale mais a unidade do que o colectivo.

Toda a gente, com os meios de comunicação à cabeça, se desfaz em elogios ao campeão deste evento que acontece, de quatro em quatro anos. Viva o vencedor! Glória àquele que conseguiu, depois de muito ter suado, depois da eliminação sucessiva de todos os adversários, ficar em primeiro lugar!

E eu pergunto: e os perdedores? E aqueles, sem os quais não seria possível os vencedores ganharem? Isto é: aqueles que se ofereceram como vencidos, para que houvesse vencedor? A vontade de ganhar destes foi igual à dos adversários. Todos se sujeitaram às mesmas regras e cumpriram. Só que, por este ou aquele motivo, não conseguiram vencer. Costuma dizer-se que dos fracos não reza a história. Mas no futebol não há fracos, só chegaram à África do Sul os melhores, todos potenciais vencedores. Todas as equipas em campo jogaram de igual, para igual.

«Uma oportunidade, uma falha, um detalhe, um golo, uma vitória, uma eliminação.» Só isto!

E daí? Será caso para, perante a derrota, se incriminar o árbitro e/ou os jogadores, ou este ou aquele treinador? Bem basta, já, o facto de terem sido vencidos. E deve dizer-se, antes que seja tarde, que não é vergonha nenhuma as equipas irem para casa mais cedo do que desejariam, por terem sido eliminadas. São as regras do jogo que todos aceitaram. As equipas, todas as equipas se portaram com dignidade e deram o seu melhor para vencerem.

Normalmente, no futebol, costuma ter-se este comportamento: se a equipa perde, lançam-se todas as culpas para cima do seleccionador. Se a equipa vence, é a equipa que é muito boa e jogou muito bem. Mas que culpa tem o seleccionador de o Ronaldo, o novo D. Sebastião, o coleccionador de romances, o idolatrado, o pai da criança, coisa indiferente para o género humano, prerrogativa dada a qualquer mortal, sendo a única em que não é preciso prática, nem saber ler, nem apresentar qualquer papel ou documento para fabricação do produto – hão-de ver que os media hão-de inventar, - já começaram !, que, até na execução deste acto normal  ele houve genialidade, ter tido uma prestação apagada e, quando rematava era para fora da baliza ou para o poste? Lá por vir a sua imagem estampada em tudo o que é sítio e se fazerem a respeito dele os maiores prognósticos elogiosos, assim, como se ele não tivesse máculas de imperfeição e se dizerem os maiores dislates a seu respeito porque nada do que diziam se confirmou, terá ele obrigação de se comportar conforme todos vaticinavam, de forma a trazer a taça para Portugal? Ronaldo chegou à Covilhã num helicóptero, chegou ao aeroporto da Portela e, enquanto os companheiros seguiram de autocarro, em equipa, ele seguiu em automóvel particular. Nunca se integrou na equipa. Nem no campo, nem fora dele. E o brilho de Ronaldo apaga-se, obscurecendo toda a equipa. ‘O seu ego ilimitado nunca se disporá ao serviço de um colectivo que julga indigno de si e dos seus patrocínios’, mesmo sendo arvorado em capitão, para o que não teve perfil, como se viu.

O futebol é um jogo de equipa e não de um só jogador. O futebol não tem maneiras, não se rege por raciocínios silogísticos, não respeita a dignidade das equipas e não tem consideração pelo historial de triunfos que as acompanham.

Vejam só: caíram campeões do Mundo: Brasil, a selecção mais laureada com 5 troféus em mundiais. Itália, que soma 4. Argentina 2. A Inglaterra e a França 1.

Portugal ainda chegou aos oitavos de final. Mas foi cruel para os coreanos, metendo sete golos na baliza! Até o Ronaldo meteu golo! Não bastariam só três golos? Que ganharam em meter sete? É que, se tivéssemos sido menos ambiciosos, talvez o Grande Líder os tivesse poupado a um castigo que, possivelmente os esperou.

E a França? O que aconteceu? Não é de se estar solidário com uma equipa que sempre se bateu ao nível das melhores? A sorte não pode favorecer todos. É que, se não houver derrotados, não pode haver vencedores. É uma espécie de heterofagia, até ficar um só vencedor em campo, para gáudio do fanatismo desportivo. Em França houve interferência política na pós-derrota: a ministra do desporto puxou as orelhas à equipa e ao treinador. Coisa reprovável e intolerável. Agora, já não se pode perder? Todos têm que ganhar? A França tem que sair vencedora? Onde é que já se viu?

No nosso caso, houve críticas de Deco e de Nani ao treinador, o que pôs uma nota de desdouro na equipa que deixou de ser coesa e teria começado aí o nosso falhanço desportivo, em termos de ganho. Afinal, o treinador é, ou não, dono e senhor da equipa? Cada um deve saber ocupar o seu lugar e não invadir o dos outros e cumprir o melhor possível. Só isso!

Queiroz teve de ouvir das boas por chegar mais cedo com uma equipa derrotada. Eu sei que muitos o que têm é inveja dos euros que ele aufere: não sei quanto ganha, mas veio escrito que ele ganha mais num mês do que o Presidente da República num ano e 15 vezes mais por ano. Mas, em vez de inveja, deviam era ter orgulho por termos um treinador a ganhar tão bem, mais do que qualquer colega estrangeiro.

Mas devemos ser humildes e contentar-nos com a nossa pequenez em tudo, até nos resultados do futebol. O defeito foi termos levantado a fasquia tão alta.

Há quem queira que Queiroz, vinculado a um contrato desastroso, se demita. Ele diz que não se demite. Ao contrário de vários seleccionadores estrangeiros que, face aos resultados negativos, se demitiram. Assim, a Federação poupa – no poupar é que está o ganho! - 5 milhões  € e mais um milhão para férias e outras regalias, de Queiroz, que teria que lhe dar de indemnização só pelo gesto de se demitir. Só é pena que os empregados deste país em crise não possam gozar do mesmo estatuto, pedindo a sua demissão, - o país sairia logo da crise! Porque aumentava logo o poder de compra e o resto viria em cadeia.

Ninguém poderá discordar de tão grande bolo porque do futebol depende a grandeza e a salvação da pátria. Se tivéssemos trazido a taça aumentaria o astral dos portugueses que andam deprimidos pela voracidade da crise. Só por isso, valia a pena tê-la trazido.

O presidente da República pode ser acusado, como já foi Alegremente, pela crise em que vivemos, mas um seleccionador nunca deve ser responsabilizado pelos resultados negativos da equipa, nem que eles sejam ‘navegadores’. A culpa do desaire não terá que ser repartida por todos. Mas a vitória, essa, sim! Seria reclamada por todos os ‘navegadores’. O desastre terá que ser atribuída à embarcação, aos ventos contrários, ao encapelamento das águas, nunca ao capitão do navio e, menos, aos tripulantes.

Bem basta, já, a dor de alma das equipas eliminadas. Coitado do Maradona que mostrou a sua infinda tristeza (viu-se na Televisão), depois da derrota!

Bem andou o Governo japonês que medalhou o jogador Yuichi Komano, apesar de ter falhado a marcação de uma grande penalidade nos oitavos de final contra o Paraguai, que levou à eliminação do Japão do Mundial. E, enquanto Queiroz foi recebido no aeroporto por meia dúzia de gatos-pingados, em acenos e palavras sofridas de protesto, Maradona foi recebido e aclamado por 10 mil fãs, no aeroporto de Buenos Aires, em apoteose! ‘Bons Ares’, para um derrotado!

Um cantor famoso não pode falhar; um chefe de orquestra não pode falhar; uma orquestra não pode falhar; um pianista não pode falhar; um cantor de ópera não pode falhar; uma bailarina não pode falhar. Mas um jogador, mesmo nos relvados da África do Sul, pode falhar! Se não falhar, não há vencedor.

Moralidade da história: deixemo-nos de triunfalismos antes dos jogos, não sejamos tão acusadores e respeitemos o devir da história que nos diz que ganham os mais fortes, os melhores. Mas, sem adversários, não há triunfadores, sem a eliminação de todos menos um, não há selecção para receber a taça!

 

publicado por argon às 22:07
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Quinta-feira, 1 de Julho de 2010

SOCRASÍADAS

SOCRASÍADAS

 I

Os Varas e os barões assinalados,

Que da ocidental terra lusitana,

Por crimes nunca dantes perpetrados,

Passaram ainda além da gula humana,

E sem perigos nem guerras esforçados

Mais do que prometia a fraude humana,

Entre gente sem vergonha edificaram

Nova fortuna que tanto encorbertaram;

 II

E também as astúcias gloriosas,

Daqueles mandões que foram dilatando

O poder, o mando e as riquezas caudalosas

Do erário público andaram devastando;

E aqueles que por artimanhas gloriosas

Vão fazendo do roubo um memorando,

Cantando espalharei por toda a parte,

Se a tanto me ajudarem os deuses e a arte.

 III

Cessem da justiça e do esforço humano

As investigações pequenas que fizeram;

Cale-se de Salazar e de Caetano

As ditaduras longas que tiveram;

Que eu canto o descaramento lusitano

A quem nem a vergonha ou medo obedeceram!

Cesse tudo o que o alarme da suspeição canta,

Que outro valor mais democrático se alevanta!

 IV

Já no alto mar da ladroagem navegavam,

C’o as quietas e mansas águas ocultando;

Os ventos favoravelmente respiravam,

Com tramóias os bolsos côncavos inchando,

Da mais pacífica escuma os mares se mostravam

Cobertos, onde os negócios vão prosperando,

Nas boas negociatas consagradas

Que do arco do poder são cortadas;

 V

Quando a Justiça no Olimpo luminoso,

Onde a democracia está da humana mente,

Se ajuntam em concílio clamoroso,

Sobre os negócios obscuros dessa gente,

Pisando o acesso escuro e tenebroso,

Vem pela caminho ínvio fazer frente

Convocados da parte do comandante

Pelo ‘boy’ agraciado e determinante.

VI 

Estava o Procurador sublime e dino,

Que julga os desvarios do povo insano,

Num assento de mil leis em escrutino,

Com um ar altivo, grave e soberano;

Do rosto respirava um ar sibilino

Que subilino tornara qualquer humano;

Com uma toga e ceptro rutilante

De outra forma mais linda que brilhante,

 VII

Em luzentes assentos, marchetados

De cor e luz fulgente, mais abaixo estavam

Os outros juízes todos assentados,

Como a ordem e as leis determinavam;

Precedem os antigos mais graduados,

Mais abaixo os mais novos se assentavam:

Quando o Procurador alto, assim dizendo,

C’um tom de voz começa grave e horrendo:

 VIII

Eternos companheiros do aqui  presente

Em cadeiras estofadas, neste  momento,

Se do grande valor da forte gente

De Luso não perdeis o pensamento,

Deveis de ter sabido claramente

Como é dos fados grandes certo intento,

Que por ela se esqueçam os Godinhos insanos

E os Penedos, os Soares, os Figos e outros humanos.

 IX

E disse assim: Ó supremo Juiz a cujo império

Tudo aquilo obedece que assinaste,

Se esta gente que busca essoutro minério

Cujo valor em milhões desencastraste,

Não queres que padeçam vitupério,

Como há já tanto tempo ordenaste,

Não confies mais no chefe e acusa a peito,

A quem todos pensam que é suspeito.

 X

E tu Pacheco de grande fortaleza

Da acusação que já tens tomada,

Não tornes por detrás pois é fraqueza

Desistir-se da coisa começada.

Os de Aveiro, que procedam em ligeireza

Com os processos tidos – que trapalhada!

Mandem ao chefe com toda a presteza

Os dossiês da acusação e da certeza.

 XI

Tão brandamente os ventos os levavam,

Como quem o céu tinha por amigo;

Sereno o ar e os tempos se mostravam,

Sem nuvens, sem receio de perigo,

A tormenta maior já eles passavam

Em todas as rotas do tempo antigo,

Quando a justiça descobrindo lhe mostrava

Novas suspeitas, que acusando o incriminava.

 XII

O chefão dos ‘boys’, o grande capitão,

Que a tamanha patranha se oferece,

De soberbo e altivo gesto qual aldrabão,

A quem a sorte e a justiça favorece,

Para ser incriminado não vê razão,

Que sem provas a Comissão lhe parece;

Por diante passar determinava:

E tudo lhe sucedeu como cuidava!

 XIII

Eis aparecem logo em companhia

Uns soberbos deputados que vêm daquela

Que mais chegada a prova parecia,

Procurando acabar com a querela:

A gente se alvoroça, e de alegria,

Não sabe mais que olhar a causa dela:

«Que gente será esta? – em si dizia –

Que costumes, que lei, que rei teria?»

 XIV

Está já do fado determinado,

Que das acusações tão afrontosas

Lidas por um Pacheco determinado,

Sejam tidas pelo Amaral mui belicosas.

E eu só, filho de açoreano  bem amado,

Com tantas qualidades generosas,

Hei-de sofrer que a verdade favoreça

Outrem, por quem meu nome se escureça?

 XV

Não será assim. Porque antes que a chegada

Seja do nosso capitão, manhosamente

Lhe será tanta sorte fabricada

Que nunca veja a condenação presente.

Eu não deixei divulgar o escriturado

E mandarei em toda esta gente.

Porque sempre por via irá direita,

Quem do oportuno tempo se aproveita.

publicado por argon às 23:22
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