ESTES TEXTOS FORAM PUBLICADOS NO DIA 15 DE OUTUBRO DE 2010. É como segue:
CRIAÇÃO DE 150 MIL POSTOS DE TRABALHO
Os meus leitores devem estar recordados que uma das promessas mais sonantes de José Sócrates, antes das eleições que lhe deram a maioria absoluta, foi que criaria 150 mil postos de trabalho. Poucos teriam sido os que acreditaram em semelhante benesse façanhuda. Mas foram suficientes para lhe darem a maioria absoluta. Como nunca conseguiu cumprir a promessa, os seus adversários políticos não se coibiam de, vez em quando, lhe atirarem à cara esta promessa, classificando-a de eleitoralista e demagógica. Os anos foram passando. E não é que ele vai, mesmo, cumprir esta promessa? É verdade e digo-o sem ironia.
Para satisfazer a possível curiosidade dos meus leitores, eis o perfil desta nova classe de empregados do Estado:
1. Trabalham o mais que podem, sem horário rígido de trabalho;
2. Trabalham sem folgas, nem descansos;
3. Não é necessário mandá-los trabalhar porque eles o fazem com vontade e determinação;
4. Não perdem tempo com outras actividades;
5. Não conversam, nem se distraem;
6. Não têm inveja uns dos outros;
7. Trabalham sempre com alegria e satisfação;
8. Não fazem nunca qualquer protesto e muito menos greve pelas suas condições de trabalho ou fraca remuneração;
9. Não dão prejuízo ao patrão, só dão lucro e muito lucro;
10. Nunca há o perigo de levarem o patrão à falência;
11. Não vivem de subsídios do Estado;
12. Não apresentam nunca nenhum caderno reivindicativo,
13. São muito individualistas e cada um trabalha o mais que pode para si e para o patrão,
14. Vivem e trabalham sempre em comunidade e nunca se zangam uns com os outros,
15. Cada um sabe o que tem a fazer e fá-lo com interesse e com dignidade,
16. Nunca se zangam uns com os outros, para eles a vida é o que é e conformam-se com a situação de cada instante, sem reivindicações, nem protestos.
17. Apresentam-se todos os dias ao serviço, nunca dão faltas e, no fim do trabalho, recolhem a casa para descansarem.
18. Ao outro dia, repete-se o dia de trabalho, sem que se fartem com a sua monotonia.
19. Gostam do que fazem e da alimentação que lhes é servida no local de trabalho.
20. Deslocam-se sempre a pé.
21. É raro terem um acidente de trabalho, mas estão seguros para o caso de qualquer acidente imprevisto.
22. Nunca mudam de fato e sentem-se sempre confortáveis com a fatiota com que se cobrem.
23. São ordeiros, embora gostem de escapar à vigilância do patrão, por motivos gastronómicos, pois são muito gulosos.
24. Trabalham sempre em grupo.
25. São vigiados pelo médico que cuida da sua saúde, não vá algum adoecer.
26. As condições descritas não os impede de se reproduzirem, para aumentarem a sua descendência.
27. Para acederem ao emprego têm que ter uma idade de adultos e serem aceites na comunidade de que fazem parte, constituindo, assim, uma espécie de família, ou grupo homogéneo.
28. Na comunidade há descriminação de género, isto é, predomina um dos sexos.
29. Cada grupo tem a dirigi-lo um ou dois chefes de grupo que os acompanham sempre em todas as horas de trabalho e zelam pelo seu trabalho e produtividade.
30. Como se trata de tantos empregados, - 150.000, dão para se constituírem muitas empresas, cada uma com características e estatuto semelhantes.
31. não há promoções na carreira, nem ordenado máximo, nem mínimo. Todos os empregados recebem por igual e são tratados da mesma maneira, sem queixumes. Aqui reina o verdadeiro socialismo!
No fim de cada ano, o trabalho de cada empresa será monitorizado de forma a fazer-se o balanço sobre o deve e o haver, o que terá como consequência, possivelmente, a reformulação de alguns conceitos e procedimentos, em ordem à obtenção dos objectivos propostos, estando envolvidos tantos meios e recursos.
Apesar de tanto voluntarismo, tanto trabalho e tanta aplicação e fidelidade – tudo em nome dos superiores interesses da Nação, não há distribuição de benesse ou bónus, não há feriados, nem fins-de-semana, não há transportes motorizados, não há vistorias de ASAE, nem de outras entidades fiscalizadoras da arte de bem viver e dos bons costumes, não há multas nem contra-ordenações, não há interferências do Estado ou das suas instâncias punitivas, e creio que nem sequer há pagamento de impostos. O braço da justiça e do fisco não chegam lá. E estão imunes ao bruabá ou ruído das cidades. Vejam lá se isto não é viver num cantinho do céu! E a empresa que gere estes activos ainda pode receber do Estado subsídios por cabeça, no caso de haver alguma fatalidade ou catástrofe natural, mesmo provocada por mão humana, como seja, por exemplo, um fogo florestal. Só tem um contra: são as inclemências do tempo, sobretudo nos meses frios do inverno.
A notícia:
150.000 cabras-bombeiro vão andar a pastar em Portugal e Espanha. O projecto, de 50 milhões de euros, visa prevenir os incêndios e criar mais de 500 empregos. Trata-se de um método de prevenção de incêndios florestais e de desenvolvimento rural sustentado. Desta forma, esta multidão de caprinos fará uma «limpeza» natural dos campos agrícolas abandonados, montes e trincheiras, enquanto comem. Com este programa, criar-se-ão 12 queijarias, 15 lojas de comercialização de cabrito, produtos lácteos transformados e dois matadouros.
A zona de actuação do projecto estende-se por um território fronteiriço de 9.000 quilómetros quadrados e 125.000 habitantes.
Comentários na Internet:
1. É só ver as cabras a pastar e os mesmos de sempre a meterem ao bolso.
2. A ideia parece boa, mas fazendo contas, dá 333 euros cada cabra. Parece que já está alguém a mamar as tetas sem elas darem leite. Assim, para saírem mais barato, o melhor seriam bodes.
3. Uma iniciativa inovadora:
Mais um esquema encabritado de sacar dinheiro à CE. Mais uns amigos do Pinóquio que arranjaram um esquema com os fogos para se safarem à grande, um projecto de 50 milhões dá para desviar muita pasta e arranjar muitos jobs para os boys-bois-cabras. As autarquias da vizinhança já devem estar a esfregar as mãos, vão pôr a família toda a pastar cabras com o subsídio que lhes pagam.
Fogos:
Agora que o governo acabou com os fogos deste ano por decreto, saiba que este ano arderam 117. 949 hectares de espaços florestais. Mais 58% do que a área ardida no ano anterior. Mas abre-se um precedente complicado de efeitos muito perversos pois, se as pessoas perceberem que se arderem os pastos recebem apoios para a alimentação animal, serão incentivadas a fazê-lo. É um incentivo para continuarem as queimadas para a pastorícia. O que advém do facto de o Ministério da Agricultura estabelecer indemnizações aos pastores que, por via dos fogos, tenham perdido áreas de pastagens, estabelecendo compensações que vão de 40 a 100 euros por cabeça de gado, conforme se trate de ovelhas, cabras ou vacas.
Méeeee!...
ARGON
O ZÉ PORTUGA
A NOTÍCIA:
Um tal Tomás Bacelo, 23 anos, não tendo conseguido fazer o ensino secundário, passou pelas «Novas Oportunidades» - uma escola de pronto-a-aprovar socratina, e, apenas em meia dúzia de meses fez dois módulos que lhe deram direito ao 12º ano e com acesso à Universidade à qual concorreu à frente dos alunos que suaram as estopinhas para conseguirem, em 12 anos, o 12º ano. Passou á frente de todos porque lhe deram a nota de 20 valores pelo único exame de Inglês que fez nesta escola repentista. Felizmente não foi para medicina senão, lá teríamos um médico que seria um susto e um desastre.
Com as «Novas Oportunidades»,
Já não quero ser doutor!
Longe, longe das cidades...
Eu, agora, vou ser pastor!
Argon
TEXTO PUBLICADO NO DIÁRIO DE NOTÍCIAS DE ONTEM, DIA 17 DE OUTUBRO DE 2010:
POR FAVOR, ME EXPLIQUEM
Anda, agora, por aí, uma campanha para atacar as despesas sumptuárias e escusadas do Estado. Convenhamos que, a surtir efeito, é uma medida profilática digna dos maiores empenhos. Toda a gente sabe que os pobres é que pagam as crises, não são os ricos. E que, em questões de empresas do Estado muito há a cortar, neste tempo de aperto do cinto.
Hoje, trago à colação um caso gritante que ofende todos os contribuintes: o caso da RTP, uma empresa do Estado. Ainda agora, soubemos que a empresa pública chamada RTP, recebeu 122,5 milhões em indemnizações compensatórias e mais 88 milhões em dotações de capital. Eu não ficaria escandalizado com estes apoios financeiros se a SIC e a TVI recebessem o mesmo dinheirame para poderem sobreviver. Que é o que significam estes apoios estatais. Ora, sabemos que a SIC e a TVI não recebem ajudas do Estado. Conseguem viver e prosperar pelos seus próprios meios, com a publicidade. Mas acontece que a RTP tem, além da publicidade com que faz concorrência, os impostos chorudos de todos os contribuintes à boleia da despesa da electricidade e os gordos subsídios estatais e, mesmo assim, a RTP ainda tem prejuízo de milhões. Para mim, isto é mais do que um enigma, - é um absurdo: como é que os dois canais particulares que não têm estas ajudas do Estado se conseguem aguentar e ainda dão lucro, e a RTP, com as mesmas receitas da publicidade, mais a conta da electricidade e os chorudos subsídios do Estado, dá prejuízo? Sabemos que, se as duas estações de TV citadas dessem prejuízo como dá a RTP, teriam que fechar as suas portas. Daqui se conclui que algo está errado nesta coisa chamada RTP. Deve haver excesso de pessoal e muitas regalias despesistas e muito esbanjamento. Gostaria de estar enganado, mas, infelizmente, parece que não estou.
O texto seguinte foi publicado no Público de hoje, dia 18 de Outubro de 2010:
O EXEMPLO HOLANDÊS
Estive há tempos na Holanda durante 15 dias, assisti a muitos noticiários em horas nobres e não cheguei a conhecer nem o primeiro-ministro do país, nem os seus ministros, nem os subsecretários de Estado. E, memo na cerimónia oficial da comemoração do dia da Holanda, não me lembro de o ter visto e de lhe ter ouvido uma palavra. Pelo contrário, a rainha era mostrada quase todos os dias nas suas visitas oficiais ou nas suas deambulações com a família real. Quando, um dia, perguntei porque não apareciam nas televisões os membros do governo, o meu interlocutor respondeu-me que eles estavam a trabalhar.
Se compararmos estas cenas com o que se passa neste pobre país, que vemos nós? Que grande parte do tempo das televisões são para mostrar a nossa classe política, sobretudo o primeiro-ministro e a ministra da Saúde, que são visitas diárias. Diremos, então, em contraponto, que esta gente toda só quer o penacho, e de tanto parlapatarem, já ninguém acredita no que dizem, até, porque o seu discurso fora da realidade e das verdadeiras preocupações dos portugueses, não se conformam com a dramática realidade. Por outras palavras: eles não andam a trabalhar.
Na verdade, como pode Sócrates trabalhar para estudar os dossiers, pensar, ponderar e decidir bem, se ele não tem tempo? Ele passa grande parte do seu tempo, talvez a maior parte, a dirimir com os seus adversários, em vez de combinar com eles, ele que é um primeiro-ministro relativo, as melhores estratégias para governar bem o país. E para se não chegar a esta figura caricata que faria um escritor que quisesse que um crítico lhe dissesse que aprovasse com elogios a obra que ele ainda nem sequer começou a escrever e que lhe dissesse que gostou dela. Foi o que fez Sócrates, ‘mutatis, mutandis’: queria que o PSD aprovasse o seu orçamento, mesmo antes de ele estar feito!
A história conta-se em poucas palavras: enviei um texto para o Público e, na volta do meu clique no 'send', recebi um emeil a pedir que enviasse o anexo, isto é, o texto. Tinha mandado, só, o Ex.mo senhor jornalista, etc - apresentação do texto
Eu enviei logo e fiquei um tanto espantado, para não dizer decepcionado com a sua não publicação no dia seguuinte, nem seguintes. tanto empenho em pedir a correcção do envio e... nada!
Leio todos os dias o Diário de Notícias e o Público. Passados alguns dias, desisto de ver a publicação do meu texto. mas, que diabo! Eu conto-me por original nos meus escritos porque dizer o qie outro ecreve e, à vezes, como escrevem, não é o meu timbre. Só escrevo quando, ao ler certas notícias, me dá um aperto de coração e escrevo sob pressão.
vem tudo isto a propósito para dizer que hoje, dez dias depois de ter enviado o meu último texto, o tal que me foi pedido, veio publicado!!
Mentirei se disser que não fiquei contente. Por isso, aqui o dou á estampa no meu blogue.
Anda, agora, por aí, uma campanha para atacar as despesas sumptuárias e escusadas do Estado. Convenhamos que, a surtir efeito, é uma medida profilática digna dos maiores empenhos. Toda a gente sabe que os pobres é que pagam as crises, não são os ricos. E que, em questões de empresas do Estado muito há a cortar, neste tempo de aperto do cinto.
Hoje, trago à colação um caso gritante que ofende todos os contribuintes: o caso da RTP, uma empresa do Estado. Ainda agora, soubemos que a empresa pública chamada RTP, recebeu 122,5 milhões em indemnizações compensatórias e mais 88 milhões em dotações de capital. Eu não ficaria escandalizado com estes apoios financeiros se a SIC e a TVI recebessem o mesmo dinheirame para poderem sobreviver. Que é o que significam estes apoios estatais. Ora, sabemos que a SIC e a TVI não recebem ajudas do Estado. Conseguem viver e prosperar pelos seus próprios meios, com a publicidade. Mas acontece que a RTP tem, além da publicidade com que faz concorrência, os impostos chorudos de todos os contribuintes à boleia da despesa da electricidade e os gordos subsídios estatais e, mesmo assim, a RTP ainda tem prejuízo de milhões. Para mim, isto é mais do que um enigma, - é um absurdo: como é que os dois canais particulares que não têm estas ajudas do Estado se conseguem aguentar e ainda dão lucro, e a RTP, com as mesmas receitas da publicidade, mais a conta da electricidade e os chorudos subsídios do Estado, dá prejuízo? Sabemos que, se as duas estações de TV citadas dessem prejuízo como dá a RTP, teriam que fechar as suas portas. Daqui se conclui que algo está errado nesta coisa chamada RTP. Deve haver excesso de pessoal e muitas regalias despesistas e muito esbanjamento. Gostaria de estar enganado, mas, infelizmente, parece que não estou.
Este texto poi enviado mas, sem saber porquê, não foi publicado.
A transparência é a pedra de toque das democracias. Foi isso que faltou ao primeiro-ministro grego que ocultou o valor do défice e que deu no desastre que se sabe. E foi isso que faltou e continua a faltar ao nosso primeiro-ministro, embora em menor escala. Repare-se que Ferreira Leite perdeu as eleições porque quis ser transparente e dizer e mostrar a verdade que há dias o primeiro-ministro foi obrigado a dizer, com muitos custos, ao povo português. Lá, nisso, Sócrates até parece que se especializou.
E a falta de transparência começa, logo, na sua pessoa como indivíduo e cidadão: ninguém sabe quais são as suas qualificações. Ainda agora, ficámos confusos quando, surpreendentemente, apareceram umas trapalhadas sobre o seu curriculum divulgadas na página da Universidade de Columbia, em Nova York, onde se deslocou para discursar no World Leaders Fórum. A sua falta de transparência continua oculta na sua constelação familiar mais chegada, conhece-se, apenas um irmão e um primo, pelos piores motivos.
Sobre as contas do Estado, a matéria mais grave, devemos dizer que as oculta o mais que pode, inclusivamente a Passos Coelho que assinou e aprovou os PEC I e II. Miguel Macedo, chefe do grupo Parlamentar do PSD, disse na Assembleia da República que as medidas do PEC eram as necessárias e suficientes para os anos de 2010 e 2011. O que aconteceu, afinal? Ninguém sabe, nem o governo mostra o que e como aconteceu.
Sócrates veio, tarde e a más horas, anunciar-nos as medidas de austeridade, mas só o fez porque foi pressionado externamente e pelo Presidente da República que tem vindo, desde há muito tempo, a alertar para o país insustentável se não corrigisse a política seguida e não prosseguisse com o adiamento das reformas requeridas.
No Parlamento da Suécia quem quiser saber sobra cada deputado, basta abrir o dossier que todos têm no Parlamento. Está lá tudo o que interessa aos cidadão eleitores. Não pode haver maior transparência.
Este senhor, por causa do deslumbramento em que vive para conservar o poder, há-de ficar na história com o labéu de ter sido o político mais desastroso da nossa história que nos mergulhou numa crise económica e financeira sem precedentes.
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