hOJE, O DIÁRIO DE NOTÍCIAS PUBLICOU O SEGUINTE TEXTO:
PRESO POR TER CÃO...
A campanha de Manuel Alegre continua a fazer o seu caminho. Convenhamos que sem o fulgor da campanha anterior cujos resultados foram um sucesso. Eram outros tempos, tempos de vacas gordas. Agora, a sua campanha esmoreceu por dois motivos: porque tem a tímida e contraditória adesão do PS e do BE, dois partidos cuja osmose dá um resultado que pode ser explosivo; e, sobretudo, porque, face à conjuntura política e financeira do país, Alegre tem um muito pouco espaço de manobra, porque não tem causas para defender. As causas, a bem dizer, opõem-se à sua matriz ideológica de esquerda rebelde com que sempre se quis afirmar. E foi isso que lhe valeu os bons resultados que alcançou na campanha anterior. Mas o PS é ao maior responsável pela falta de causas de Alegre, pelo corte que tem dado às regalias sociais dos portugueses.
Alegre tem tanto menos assunto para a sua campanha, quando maiores e mais prolongados forem os silêncios do seu único rival, Cavaco Silva que é parco em palavras, por defender que ‘o calado é o melhor.’
Daí que o candidato pelo BE se sinta incomodado com os silêncios do seu rival. Por isso, o chama à ribalta política, como um toureiro que tem que espicaçar o touro, passe a expressão, para fazer valer a sua arte. Mas ele continua silencioso. Até porque, face à conjuntura, não há muito a dizer.
Mas não é só o silêncio de Cavaco que provoca a ira de Alegre e o faz mais triste. Também as raras intervenções de Cavaco são objecto das suas críticas. Porque diga o que diga Cavaco, nunca acerta na mouche, na opinião de Alegre.
Que dizer, preso por ter cão e preso por não ter. Eis a situação confrangedora e embaraçante em que se encontra este candidato chamado Alegre que de alegre deve ter muito pouco....
Artur Gonçalves, Sintra
NOTA: O FINAL A ITÁLICO FOI SUPRIMIDO, ISTO É, FOI CENSURADO.
É o seguinte o meu texto que saíu publicado no Público de hoje:
Vem aí mais uma greve geral que, segundo do seus promotores, será a maior de sempre, desde o 25 de Abril. Se, na verdade, as greves forem proporcionais em adesão, à situação de crise em que se encontra o país, esta será a maior de sempre.
Sabemos que, mesmo que assim não fora, os sindicatos têm que mostrar trabalho, cujos estatutos lhe conferem a necessidade de lutarem a favor dos trabalhadores, isto é, contra os patrões capitalistas que asseguram o pão dos seus trabalhadores.
Longe de mim dizer que a greve não é justa e necessária. A greve é um direito consignado na Constituição. Mas se ela é feita com a ideia de alterar a situação, tirem daí o cavalinho da chuva. Porque teremos que pedir, sobretudo, apesar da dureza das medidas restritivas, que não venha a ser preciso agravá-las ainda mais.
Daí que não se perceba muito bem a razão desta greve. Se é para mostrar ao governo o descontentamento, não seria necessária, porque o descontentamento abrange por igual 90 por cento dos portugueses.
Repare-se que fazem greve precisamente aqueles que, aparentemente, deviam estar caladinhos porque à greve, possivelmente, só aderirão os que estão empregados. Mais lógico seria que a fizessem os desempregados e pensionistas que recebem pensões de miséria. Mas, até aqui, nós andamos ao contrário.
Quem dera que a greve levasse ao cancelamento das medidas de aperto do cinto. Mas isso seria cairmos numa situação ainda pior. E isso deve ser aquilo que os sindicalistas não querem com a promoção desta greve.
Artur Gonçalves
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