É COMO SEGUE O TEXTO PUBLICADO HOJE, DIA 22 DE jANEIRO DE 2011, PELO DIÁRIO DE NOTÍCIAS:
Tenho lido algumas notícias sobre a tragédia que se abateu sobre Carlos Castro, o cronista social homossexual assumido e Renato Seabra, o jovem heterossexual, em busca de um lugar ao sol da fama, à custa da notoriedade, do poder e do dinheiro de Carlos Castro.
Desde logo, há, aqui, várias peças que não se encaixam bem: um já terá atingido a idade da reforma, outro, é um jovem; um reclama-se de homossexual, outro, é heterossexual; um, é detentor de dinheiro, poder e fama, outro busca fama e dinheiro.
Cada um terá jogado com os seus trunfos, sendo que Carlos Castro está, à partida, em vantagem, tornando o manequim dependente e sem as armas do dinheiro que lhe poderia ter dado um certo ascendente. Assim, o jovem, ambicioso, terá visto, da parte do seu companheiro, alguma benesses ou favores gorados ou recusados, sem ter defesa para os alcançar.
Nestas circunstâncias em que o fiel da balança pedia mais para o lado de Carlos, Renato terá visto recusados alguns dos seus pedidos, depois tornados exigências, que Carlos não teria satisfeito, por se considerar dono e senhor, o elemento, aparentemente, mais forte. Renato, porém, ter-se-à valido da força da sua juventude e do facto de se gorarem a pouco e pouco as suas esperanças. Daí, talvez, tenha chegado a uma situação de decepção: às grandes esperanças sucedeu, porventura, o desespero.
O local distante da pátria, a falta de um conselho de amigo e a dificuldade de fuga para o seu meio familiar, por falta de meios financeiros, tê-lo-iam levado a um estado de desespero que lhe obnubilou a racionalidade e o levou a cometer o acto tresloucado que veio a acontecer.
Este caso é paradigmático e um alerta: um caso paradigmático daquilo que pode acontecer, quando há a pretensão de se alcançar uma meta muito ambiciosa e rápida num jogo desproporcionado de actores e um alerta para os jovens que não medem os meios e os fins e se lançam de cabeça para conquistarem dois minutos de uma fama efémera. Porque a fama, para ser autêntica e duradoura, tem de ter por detrás um trabalho árduo, como em qualquer profissão e o mérito publicamente reconhecido. O que só se faz com tempo e trabalho persistente.
Cópia do meu último texto humorístico publicado no dia 15 dee janeiro de 2011:
UMA PROCISSÃO DE PEDINTES
Neste dealbar do ano de 2011, eis um conjunto de facetas que mostram como este país é muito díspar na distribuição de rendimentos. E chega-se a este paradoxo: os que menos precisam, são os que mais têm e a contrária também é verdadeira. Com um Estado a favorecer os que mais têm.
JUSTIÇA
Ó meu rico Ano Novo,
Nos litígios, se és capaz,
Faz-nos célere justiça,
Para vivermos em paz.
DESEMPREGADA
Ó meu rico Ano Novo
Quão difícil é ser mulher!
Tira-me deste ‘farniente’,
E dá-me um emprego qualquer.
LADRÃO
Ó meu rico Ano Novo,
Não quero alterações de permeio:
Deixa tudo bem quietinho...
- É tão bonito o alheio!...
CORRUPTO
Ó meu rico Ano Novo,
Inscreve-me no rol dos honrados:
Eu fingirei ser honesto,
Com esquemas sofisticados.
PROFESSOR
Ó meu rico Ano Novo,
Vê lá se tu és capaz:
Restaurar-nos a dignidade
E restituir-nos a paz.
BANQUEIRO
Ó meu rico Ano Novo,
Gosto muito de ser banqueiro:
Nunca trabalhei tão pouco,
Nunca fiz tanto dinheiro.
UM DESALOJADO
Ó meu rico Ano Novo,
Não é assim que se actua:
Tenho a casa quase paga,
Porque me põem na rua?
DONA DE CASA (DESESPERADA)
Ó meu rico Ano Novo
Não me metas em sarilhos:
Dá-me o suficiente, cada dia,
Para alimentar os meus filhos.
CONTRIBUINTE
Ó meu rico Ano Novo
Vai dizer ao nosso primeiro:
Quero saber, bem contado,
Para onde vai o meu dinheiro.
LADRÃO PROFISSIONAL
Ó meu rico Ano Novo,
Aos pobres, não volto mais:
Vou roubar só os ricos,
Aqueles que têm mais.
BOY
Ó meu Rico Ano Novo
A cabeça tens tu na lua?
Conserva o primeiro-ministro,
Senão, lá vou eu p’ra a rua.
BOMBEIRO
Ó meu rico Ano Novo,
Não me tires o meu pão:
Manda, quantos mais, melhor,
Muitos fogos, no Verão.
ENGRAXADOR
Ó meu rico Ano Novo,
Receio a carestia;
Manda muita chuva ácida,
Para aumentar a freguesia.
SINDICALISTA
Ó meu rico Ano Novo
Leva o país ao pior:
Não quero ir pró desemprego,
Quanto mais greves, melhor.
VOLUNTÁRIA
Ó meu rico Ano Novo,
A Deus, eu peço perdão;
Faz dos dinheiros que há,
Uma melhor distribuição.
AGRICULTOR
Ó meu rico Ano novo,
Traz bom tempo, de uma vez;
Acaba com as importações,
E consuma-se português.
CLIENTE DE SUPERMERCADO
Ó meu Rico Ano Novo,
Também esta coisa eu quero:
Não sejam mais caros os produtos
De aumento de IVA zero.
AUTOMOBILISTA 1
Ó meu rico Ano Novo,
Vou pôr o carro no estaleiro;
Não é falta de gasolina,
- O meu carro anda a dinheiro!
AUTOMOBILISTA 2
Faz lá isto, ó Ano Novo,
Uma coisa que nos anima:
A gasolina ir a preços,
mais p’ra baixo do que p’ra cima.
VOZ DO POVO
Ó meu rico Ano Novo,
Para que tenha sossego,
Acaba com essa crise
E diminui o desemprego!
VENDEDOR DE
CHAPÉUS-DE-CHUVA
Ó meu rico Ano Novo,
A crise já chega aos céus;
Manda muita, muita chuva,
P’ra vender muitos chapéus.
UM ESPECULADOR
Ó meu rico Ano Novo,
A crise é o meu anseio;
É nos momentos de crise
Que eu ganho mais dinheiro.
OS POBRES E OS RICOS
Os pobres só vêm contas
De somar e subtrair;
Os ricos, de multiplicar
E não gostam de dividir.
O RICO E O POBRE
Ó meu rico Ano Novo,
É isto que já pressinto:
O rico alarga os lucros,
O pobre aperta o cinto!
A EUROPA DOS DINHEIROS
A Europa, com a adesão,
Mandou-nos muitos dinheiros;
Agora, quer que paguemos...
- Fizeram de nós caloteiros!
PARADOXO 1
Carros e hotéis de luxo
Foi um ver se te avias!
Foi um fartar vilanagem,
Com filas e correrias.
PARADOXO 2
Eis o país bipolar
Que nem a todos consome:
Uns vivem na opulência,
Crianças e velhos com fome!
PARADOXO 3
Mas em que país estamos?
Digamo-lo com desgosto,
- Onde a beleza não paga,
E a pobreza paga imposto!
ARGON
*
ZÉ PORTUGA
Os almanaques, os Borda d’Águas e seus congéneres, continuam a fazer exercícios de futurologia o que, na linguagem de almanaque, se chama «Juízo do Ano.» Como dizia o outro, é difícil fazer previsões, sobretudo, quanto ao futuro.
Em todo o caso, o ‘Zé Portuga’ arrisca prever o que nos irá acontecer neste ano de 2011. Esperemos que se engane.
O Governo, qualquer que seja,
Continua a dar prejuízo;
Este é o ‘juízo do ano’.
Mas ... quando, o ano do juízo?
Argon
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