O meu texto publicado hoje no PÚBLICO:
Quando lanço o olhar pelo mundo em que o homem vive, e me deparo com as grandes catástrofes naturais que sucedem a cada passo, como o tsunami, agora, no Japão e tantas outras desgraças que a Natureza, talvez zangada com o homem, despeja sobre uma parte da humanidade, sem dó, nem compaixão, ponho-me a pensar como é bom viver em Portugal.
Temos um clima dos mais moderados e melhores da Europa; temos uma paisagem lindíssima; temos um mar vastíssimo; temos praias maravilhosas; temos um povo meigo, hospitalar e bom; temos uma gastronomia das melhores do mundo; temos pouca criminalidade comparada com a dos outros países; a corrupção assemelha-se à dos outros países da Europa; temos uma rede de estradas que nos podem levar rápida e comodamente a qualquer parte do país; temos uma capital que não fica a dever nada em beleza e modernidade, à dos outros países; temos o fado como a canção genuína nacional que mais nenhum país tem. Então, o que nos falta? Talvez iniciativa, talvez sermos empreendedores, amigos de arriscar, talvez criatividade e convencermo-nos que somos um país pobre de recursos naturais e, por isso, não podemos levar uma vida de ricos, como até aqui e não podemos continuar a gastar mais do que produzimos, e precisamos de ter menos Estado e melhor Estado.
Vale a pena meditar nisto porque, como dizia Eça de Queiroz, a propósito do nosso país: «o sítio até era lindo para fazer um país.»
CÓPIA DO TEXTO QUE PUBLIQUEI NO PASSADO DIA 15 DESTE MÊS:
UM CONTRASTE CONTRASTANTE
Ainda está bem viva na memória dos portugueses a história daquela senhora idosa que esteve fechada em casa, morta, durante nove anos. E o caso aconteceu na Rinchoa, terra onde vivo há mais de 30. Desde então, não têm faltado relatos de outros casos semelhantes de pessoas que são encontradas em casa mortas e fechadas, embora poucos dias. Lembro-me que foi preciso aparecer na imprensa a notícia do primeiro caso de pedofilia para, todos os dias, aparecerem mais casos.
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Pelo país, depois deste caso, têm-se multiplicado as boas intenções por parte de particulares e poderes públicos, para dar remédio, em tempo oportuno, a situações semelhantes, com vista a evitarem-se, a todo o custo, situações como estas.
E têm aparecido, até, textos que, pondo o dedo na ferida, comparam, em contraponto, estas situações de abandono de idosos, a viver sós e abandonados, aos cuidados com que são tratados os reclusos nas prisões.
Ora reparem no tratamento diferenciado, num caso e no outro:
Que diriam, se cada idoso, como têm os presos das cadeias, por direito, tivesse:
Um quarto reservado só para si; assistência médica e tratamentos grátis; gente ao seu serviço 24 horas por dia, não só para lhe servirem as refeições, como para lhe prestarem qualquer tipo de apoio físico, ou psicológico, de que venha a precisar; ter as refeições variadas e prontas a horas certas e servidas no seu quarto; ter quarto, casa de banho e um pátio para passeios e exercícios, ao ar livre, rodeado por um belo jardim; ver televisão e jogar o que quiser; ter acesso a uma biblioteca, sala de ginástica, fisioterapia; ter ensino e assistência jurídica gratuitos, mediante simples pedido; ter uma retrete privativa; poder receber visitas da família e dos amigos, em lugar especial; ter todas as despesas de comida e tratamentos médicos gratuitos; ter um corpo de seguranças permanente, dia e noite, estando, portanto, imune a qualquer tipo de ataque, roubo, ou assalto; ter direito a computador, rádio e televisão; ter ao seu serviço um «conselho» para ouvir denúncias de ofensa aos seus direitos, estando abrangidos, os seus protectores, por um código de conduta; poder estar doente com direito a ser transferido para o hospital, onde lhe é prodigalizada, gratuitamente, toda a sorte de remédios e cuidados clínicos, bem como toda a espécie de exames; poder fazer parte de uma equipa de futebol ou ter acesso a outros tipos de competição, como jogar às damas, às cartas, ao xadrez, na maior das seguranças possível; ter direito a advogado, para defender os seus interesses e direitos que têm de ser-lhe reconhecidos e, de modo nenhum, podem ser suprimidos ou ofendidos; e, se se portar bem, pode, até, ver-se premiado de regalias que não se oferecem a qualquer outro mortal, e pode, até, vir a ser notícia porque sempre se comportou bem e nunca recalcitrou contra o bom tratamento de que sempre beneficiou, sem o merecer; não pagar renda de casa, nem qualquer tipo de imposto imobiliário ou outro. E mais: pode estar seguro que ali, nunca entrará a crise, por mais grave que ela seja, porque estará sempre imune a qualquer medida de austeridade a que estão sujeitos todos os portugueses; por outro lado, estar em situação semelhante à de um reformado, sem a obrigatoriedade de trabalhar ou andar à procura de emprego. Finalmente, digamos que está em paz com o fisco e com a justiça que já fez o seu trabalho, ao atirá-lo para a situação descrita;
A forma de assistência e tratamento nunca poderão sofrer qualquer restrição, porque os impostos de todos os portugueses podem faltar para cobrir as necessidades dos idosos pobres e em estado de solidão, mas nunca faltará, para esta espécie de pessoas.
Finalmente, digamos que tem ao seu serviço uma estrutura humana e administrativa hierarquizada, constituída por uma cadeia de pessoas exclusivamente apostadas no bom funcionamento da instituição prisional, tendo que prestar contas do exercício da sua actividade e podendo ser responsabilizada por qualquer falha ou anomalia que possa ocorrer.
2. No entanto, há uma classe de pessoas – os idosos de que falamos que, apesar de pobres e abandonados pelos familiares e pelo Estado, está sujeito aos seguintes condicionamentos:
- ver os impostos bater-lhe à porta e ter que suportar as restrições da crise;
- pagar do seu bolso toda a espécie de despesas de sustento e de habitação e remédios de que venha a precisar;
- viver sem o apoio de um sistema de vigilância que lhe proteja a vida e os bens, durante 24 horas;
- não ser visitado pelos seus familiares, encontrando-se em estado de solidão;
- não ter quem lhe faça a limpeza do quarto e os cuidados de higiene de que precise;
- ter que cozinhar as suas próprias refeições, se quiser comer uma refeição quente;
- não ter quem lhe faça as compras;
- não ter assistência jurídica gratuita
Bem pode queixar-se, que é o mesmo que bater a uma parede e receber um silêncio de chumbo.
Nunca cometeu nenhum crime, nunca foi um perigo para a sociedade, pelo contrário, cumpriu sempre as leis do seu país, respeitou sempre os outros, trabalhou toda uma vida e, finalmente, reduzem-lhe o salário, para pagar os custos das prisões.
É claro que toda a gente prefere as incomodidades de um idoso, porque a liberdade que falta aos reclusos, constitui o melhor ornamento de uma sociedade livre e democrática como é a nossa a que nos orgulhamos de pertencer. Os presos estão em segurança, é verdade, mas falta-lhes a liberdade.
Mas aos idosos faltam duas coisas: carinho e ajuda.
E como não podemos modificar as coisas, nem inverter as duas situações descritas, temos que prestar atenção a estes casos de idosos sós e abandonados, para os protegermos e ajudarmos, o que é um dever de todos nós.
Mas a verdade é esta, por mais voltas que lhe dermos:
Ao idoso isolado:
Se for rico, não lhe faltarão familiares e amigos; se é pobre, será esquecido e desprezado pela sociedade.
Que sociedade, Deus meu!
ARGON
*
O ZÉ PORTUGA
Vejam, como os valores desceram nesta democracia da vergonha:
DANTES, dizia-se e cumpria-se:
O DEVER, ACIMA DE TUDO!
AGORA diz-se e pratica-se:
ACIMA DE TUDO, DEVER!
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