Segunda-feira, 18 de Abril de 2011

AS CINQUENTA MEDIDAS - UM CÓDIGO DE BOAS PRÁTICAS

Texto publicado no dia 15 de Abril de 2011:

 

AS CINQUENTA MEDIDAS - UM CÓDIGO DE BOAS PRÁTICAS

 

Nunca, como hoje, a bolsa de empregos teve tantos candidatos, face ao número de desempregados. E, de entre os empregos que constam da lista, eis que surge um muito especial a que todos os portugueses se deviam candidatar, mais do que por dinheiro ou honras, por uma questão de patriotismo. Refiro-me ao posto de Primeiro-Ministro de Portugal que está vago e se aceitam candidaturas.

Não devia ser primeiro-ministro de um país quem quer, mas quem demonstrasse qualidades, vulgo, perfil, (que se espraia por este código de boas práticas). Para isso, é bom ficarem a saber quais são os requisitos exigidos para um cargo de semelhante responsabilidade.

Eis o perfil a que deve obedecer o candidato:

 

 

1. Regra de ouro: um primeiro-ministro é para governar o país e não para se governar a si mesmo. Isto não é um tacho, mas um serviço público, a favor da comunidade;

2. Deve ser casado, com mulher e filhos, a viver em coabitação;

3. Deve assinar um documento em que expresse que se candidata ao lugar, nunca mostrando que está agarrado ao poder como uma lapa;

4. Deve respeitar os direitos e ideologias da oposição que deve considerar como amiga e colaborante e nunca como rival ou inimiga. O que se distingue, desde logo, pela linguagem e boas maneiras;

 5. Deve passar mais tempo no seu gabinete a estudar os dossiês e a tomar decisões certas, do que a calcorrear o país com as televisões por perto, para alardearem o que vai fazendo;

6. Deve dar os lugares no governo e na administração pública a pessoas competentes e não a amigos ou bajuladores, os chamados boys;

7. Não se deve preocupar com o que diga a comunicação social, nem com as sondagens a seu respeito, desde que tenha consciência de que o que faz é útil e necessário para o país;

8. Saiba reagir às críticas, não com animosidade, mas agradecendo-as como chamadas de atenção para fazer melhor;

9. Nunca assine de cruz mas, antes de assinar, informe-se, estude, pense e, finalmente, decida;

10. Lembre-se que Deus nos deu dois ouvidos e uma só boca: deu-nos dois ouvidos para ouvir muito e uma boca para falar pouco.

11. Seja parco nas intervenções públicas, mas não ao ponto de exagerar. Aqui, «in medio est virtus», isto é, no meio é que está a virtude.

12. Não seja exagerado nem ostensivo na maneira de vestir e não siga a regra do protagonista Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda em «A Queda de um Anjo», de Camilo que defendia que o fato é que faz o político; por outras palavras: tal fato (usando, apenas, roupa de marca), tal político;

13. Fica, à partida, eliminado o candidato que não tenha uma profissão, mesmo que já tenha um percurso político: é preciso acabar com a carreira de político;

14.Tenha em atenção que quem lhe paga o ordenado e demais mordomias, que não são poucas, são os portugueses e, por isso, é necessário não esbanjar recursos que são de todos e pagos pelos impostos;

15. Se o seu sonho é ser aclamado por todos e não criticado por ninguém, o melhor é desistir da candidatura a que se propõe;

16. Não tenha a pretensão de julgar que vai fazer tudo bem, mas tenha a humildade de confessar, quando cometa erros de apreciação ou de execução;

17. Procure não defender os interesses do partido se ao qual pertence, porque os interesses do país estão à frente de tudo;

18. Não seja o problema, mas a solução para os problemas do país;

19. Nunca se desculpe com as pesadas responsabilidades do cargo; ao assumi-las, prometeu cumprir, com a ajuda dos seus ministros e assessores;

20. Pode ter uma frota de carros, mas só os estritamente necessários, excluindo os carros topo de gama que deve preferir, se forem pagos do seu bolso;

21. Seja generoso para com os mais fracos e faça recair os impostos mais pesados sobre os que mais podem;

22. Não é possível, na situação de crise em que estamos, dar saúde gratuita a todos; a regra será: os que podem pagar devem pagar, segundo uma tabela justa e proporcionada;

23. Procure não endividar o país, mais do que já está.

24. Descubra, com as cabeças mais bem pensantes, a melhor e mais rápida maneira de pagar a dívida soberana;

25. Não se convença que pode governar o país só com a sua equipa, por melhor que seja. Deve acolher as sugestões dos melhores e dos outros partidos;

26. Deve incutir nas pessoas hábitos de poupança

27. O lema será: não seja forte com os fracos e fraco com os fortes.

28. Deve proibir os bancos de utilizarem as poupanças dos portugueses em produtos especulativos;

29. Seja continente nos gastos e evite os gastos sumptuosos;

30. Nunca culpe os outros pelos seus erros e falhas e reconheça que errou, quando for caso disso;

31. Na feitura das leis, lembre-se que as leis são, ou devem ser feitas para as pessoas e não as pessoas para as leis;

32. Todas as suas acções devem ser transparentes, incluindo as contas públicas.

33. Nunca deve gastar mais do que tem ou o país produz. Se quer gastar mais, produza e leve o país a produzir mais;

34. Deve acabar com os off-shores e paraísos fiscais;

35. Lembre-se que deve governar para o país e não para a televisão ou para as sondagens;

36. Em tudo o que faz, seja verdadeiro;

37. Seja rigoroso nas contas e não consinta que haja mais importações do que exportações.

38. Procure reabilitar o mar e a agricultura, as duas grandes fontes de riqueza do país;

39. Acabe com toda a espécie de subsídios a empresas e a particulares. O Estado não é a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa;

40. Acabe com os favores fiscais às empresas que dependem do Estado, ao futebol e ao golf;

41. Não permita que os reformados milionários continuem a trabalhar em altos cargos, aumentando ainda mais os seus proventos. Ou trabalham, ou vivem da sua reforma;

42. Faça uma reforma profunda da máquina de Estado, da Justiça e da Educação.

43. Ponha toda a gente com idade de trabalhar, a trabalhar.

44. Faça com que, nas zonas urbanas, a maior parte das pessoas utilizem os transportes públicos que devem ser aumentados e devem cumprir os horários;

45. Diminua a nossa dependência dos transportes TIR (um serviço muito sensível, em caso de greve), optando pelo desenvolvimento do transporte marítimo e ferroviário;

46. Deixe de se intrometer nas escolas públicas, através do Ministério da Educação. Lembre-se que o Estado deve ser um regulador e garante do bom funcionamento das instituições, e não o gestor da coisa pública. Está mais que provado que não nasceu para gerir – o que só tem dado maus resultados;

47. Não anuncie muitas medidas, faça poucas, sem alarde, e execute só as que forem possíveis.

48. Nunca prometa o que sabe que não pode cumprir;

49. Nunca atribua os desaires da sua má governação à oposição, mas assuma-as com verdade e frontalidade, pedindo desculpa aos portugueses, se for o caso.

50. Finalmente, evite assumir compromissos financeiros que tenham de ser pagos pelas próximas gerações.

Em tempo: Este cardápio de medidas seria, com certeza, subscrito pelo grande filósofo da antiguidade grega, Sócrates (470-399 a. C.) – não confundir com outro com o mesmo nome, um senhor que eu cá sei, que também anunciou 50 medidas para nos livrar da crise. Creio que nenhuma foi posta em prática. Estas são as que devem ser implementadas e constituem um verdadeiro programa de governo.

ARGON

 

 

publicado por argon às 22:57
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